O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, negou irregularidades nas eleições presidenciais e defendeu o sistema eleitoral do país em entrevista ao jornalista Breno Altman, do portal Opera Mundi. Segundo ele, as acusações de fraude não são novidade.
“Esta não é a primeira vez. Desde o início da Revolução Bolivariana somos acusados de algo impossível. O sistema eleitoral venezuelano é auditável 15 vezes. Isso demonstra a prevalência da soberania popular nas eleições”, afirmou Maduro, citando as 31 eleições realizadas no país nos últimos 25 anos.
O presidente também criticou governos estrangeiros que não reconheceram sua vitória, citando os Estados Unidos. “Nunca cumpriram os acordos que fizemos, serviram apenas para preparar terreno para a desestabilização da Venezuela”, declarou.
Crise com o Brasil e reforma constitucional
Sobre a crise diplomática com o Brasil, Maduro destacou a necessidade de superar as tensões. “Penso que temos de virar a página e olhar para o futuro”, disse.
A crise ganhou força após o veto do Brasil à entrada da Venezuela como Estado parceiro no Brics durante a cúpula realizada em Kazan, na Rússia. Maduro considerou a decisão uma “ingerência” brasileira. A temperatura diplomática só baixou após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que respeita as instituições venezuelanas.
Durante a entrevista, Maduro também comentou a proposta de reforma constitucional. Ele afirmou que qualquer mudança será debatida com a população e submetida a referendo. “A soberania do povo é intransmissível”, garantiu.
Política econômica e críticas a sanções
Questionado sobre as mudanças econômicas durante seu mandato, Maduro defendeu a abertura de capital e o controle da inflação. Segundo ele, essas ações foram necessárias diante das sanções econômicas dos Estados Unidos.
“Construímos nosso próprio plano econômico, sem políticas do Fundo Monetário Internacional nem do Banco Mundial”, destacou. Maduro também afirmou que os consensos econômicos na Venezuela são fruto de diálogo nacional.