
Discord é uma rede social criada para fins de comunicação, mas vem sendo usada de outras formas
Rio – Inicialmente criado para ser um meio de comunicação de fácil acesso na internet, o Discord vem sendo local de crimes virtuais nos últimos anos. A plataforma é um recurso de chamadas de voz e vídeo idealizado para melhorar a comunicação de usuários de jogos online. O diferencial dele para outros programas é a possibilidade de juntar inúmeras pessoas dentro de uma ligação.
As chamadas comunidades são grandes salas de bate-papo que podem ser criadas e deixadas abertas ou fechadas para novos usuários utilizarem. Entretanto, como você pode restringir o acesso à conversa em grupo, a plataforma só pode interromper um chat em caso de denúncias, o que dificulta o trabalho das autoridades.
Segundo o Discord, a empresa afirma ter políticas rígidas e ferramentas de denúncia de casos criminosos e vem tentando aplicar inteligência artificial, sistemas de reconhecimento de fraudes, e canais de denúncia mais ágeis. Eles também cooperam com autoridades em casos mais graves, por exemplo, se houver mandado judicial ou evidências claras de crime.
Nos últimos anos, o Discord tem sido alvo de investigações no Brasil devido ao uso da plataforma para a prática de crimes virtuais, especialmente contra crianças e adolescentes. As autoridades brasileiras têm intensificado ações para combater esses crimes, e a empresa tem tomado medidas para colaborar com as investigações e aprimorar a segurança na plataforma.
Policiais civis têm se infiltrado em comunidades do Discord para monitorar e investigar crimes virtuais contra menores, como chantagens, indução à automutilação, estupros virtuais e incentivo ao suicídio. Segundo a Polícia Civil, em pelo menos quatro estados brasileiros – Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo – já houveram casos semelhantes.
Apesar das diretrizes da plataforma, a Polícia Civil tem encontrado dificuldades para intervir no Discord. Em março, um pedido de bloqueio de uma live foi recusado pela plataforma, após policiais constatarem que um conteúdo de incentivo a violência contra crianças e adolescentes era exibido.
Com a dificuldade de aumentar a segurança dentro da plataforma, a saída é a atenção redobrada de jovens em relação a esses casos e a denúncia por parte de pais e responsáveis. A dona de casa Solange de Paula, que tem dois filhos adolescentes, afirma que é difícil fiscalizar 100% o que eles consomem na internet.
“Hoje em dia, com o acesso à internet em qualquer lugar é difícil saber 100% o que estão fazendo. Sempre tento orientar meus filhos, mas não dá pra saber ao certo qual conteúdo estão acessando. Por conta da geração, a velocidade de aprendizagem deles nessas novas plataformas é maior que a nossa e acabamos ficando para trás”, afirmou.
Em casos de presenciar ou sofrer este tipo de crime, as primeiras medidas devem ser não apagar as provas, salvando prints e links e denunciar o crime, procurando a Polícia Civil em uma delegacia especializada como a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).
Fonte: O Dia.