
Para muitas pessoas, o alívio de superar uma infecção respiratória — como gripe, VSR ou COVID-19 — é apenas parcial. Mesmo quando a febre cessa e o corpo parece retomar sua força, uma tosse insistente pode se prolongar por semanas ou até meses. Longe de ser apenas um detalhe incômodo, essa persistência tem despertado a atenção de médicos e cientistas.
A tosse é um reflexo natural e vital do organismo, projetado para manter as vias aéreas livres de agentes irritantes. No entanto, quando continua além do fim da infecção, ela revela uma faceta mais complexa da resposta imunológica.
Segundo especialistas, esse fenômeno — chamado de tosse pós-viral — ocorre porque, mesmo após o vírus ser eliminado, o organismo ainda pode estar em estado de hipersensibilidade. As vias respiratórias, inflamadas ou sensibilizadas pelo processo infeccioso, continuam a reagir exageradamente a estímulos comuns, como poeira, ar frio ou mesmo o simples ato de falar.
Além disso, há casos em que a tosse é um sinal de que a infecção inicial deixou um rastro fisiológico, como lesões temporárias na mucosa respiratória ou alteração nos receptores nervosos da traqueia e brônquios. Em outras palavras, o corpo segue se defendendo de uma ameaça que já não está mais presente.
Pesquisas recentes também indicam que essa tosse persistente pode impactar a qualidade de vida do paciente, afetando o sono, a socialização e até a saúde mental. Ainda assim, na maioria dos casos, ela tende a desaparecer sozinha, embora existam tratamentos que podem aliviar o sintoma ou acelerar a recuperação, como medicamentos antitussígenos, anti-inflamatórios leves e técnicas de fisioterapia respiratória.
Médicos alertam que, se a tosse ultrapassar oito semanas ou vier acompanhada de outros sintomas — como perda de peso, febre ou sangue —, o ideal é buscar avaliação médica, pois pode ser sinal de outra condição, como asma, refluxo ou até doenças mais graves.
Portanto, embora seja natural se preocupar com uma tosse que insiste em ficar, é importante entender que o corpo, muitas vezes, precisa de mais tempo do que imaginamos para se reajustar completamente. E que, no final das contas, tossir ainda pode ser um sinal de que ele está fazendo o seu trabalho.
Por: Editoria.