Enquanto a Light intensifica seu projeto de blindagem da rede elétrica, moradores de Nova Iguaçu e outros municípios denunciam problemas graves como incêndios, falhas nos medidores eletrônicos e contas de luz exorbitantes, clamando por uma resposta da concessionária.
Nova Iguaçu – Nos últimos meses, a instalação das chamadas caixas blindadas pela Light em Nova Iguaçu e outras regiões da Baixada Fluminense tem provocado uma verdadeira enxurrada de reclamações por parte dos consumidores. O projeto, anunciado com a promessa de combater os furtos de energia, está longe de ser visto como uma solução pela população local. Ao contrário, os moradores se sentem cada vez mais lesados e inseguros.
Aumento Injustificado nas Contas de Luz
Uma das principais queixas diz respeito ao aumento expressivo nas contas de luz. Muitos consumidores relatam que, após a instalação das novas caixas blindadas, suas faturas subiram de forma assustadora, sem que houvesse qualquer alteração significativa no consumo de energia. O que antes era uma despesa controlada tornou-se um verdadeiro pesadelo financeiro, especialmente para famílias de baixa renda que, de uma hora para outra, viram suas contas praticamente dobrar.
Moradores afirmam que o problema está nos novos medidores eletrônicos, que foram colocados dentro dessas caixas blindadas. Segundo eles, os cabos de alumínio utilizados pela Light aquecem mais rápido do que os antigos de cobre, acelerando a rotação dos relógios de medição. A suspeita é de que esses medidores estejam registrando consumos muito superiores ao real, penalizando injustamente os consumidores.
Riscos à Segurança: Incêndios e Falhas Constantes
Além do impacto financeiro, as caixas blindadas estão gerando grande preocupação com a segurança. Há relatos frequentes de incêndios provocados por superaquecimento dos cabos. Moradores contam que os cabos de péssima qualidade, frequentemente com emendas visíveis, não suportam a tensão e acabam pegando fogo, colocando em risco vidas e propriedades.
Outro problema recorrente é o desarme inesperado das caixas, que provoca cortes de energia a qualquer hora do dia ou da noite. Para muitos, o simples ato de ligar um eletrodoméstico mais potente, como um ar-condicionado ou uma máquina de lavar, é suficiente para causar uma sobrecarga que desarma a caixa e deixa a residência sem luz por horas. O transtorno é ainda maior para comerciantes, que perdem mercadorias e sofrem prejuízos devido às falhas constantes no fornecimento de energia.
Abusos e Falta de Transparência
As queixas dos consumidores não param por aí. Muitos denunciam abusos de autoridade por parte dos funcionários das empresas terceirizadas pela Light para instalar e manter essas caixas. Moradores relatam situações em que foram intimidados e pressionados a aceitar os novos medidores, sem a devida explicação sobre o funcionamento e os possíveis impactos no valor da conta de luz.
Além disso, a falta de manutenção e a ausência de aferição nos medidores geram um sentimento de abandono. As caixas blindadas, que deveriam proteger contra furtos de energia, acabam se tornando uma armadilha para os próprios consumidores, que se veem à mercê de um sistema pouco transparente e injusto.
Reação da População
Com o crescente descontentamento, moradores de Nova Iguaçu e outras áreas da Baixada Fluminense estão se organizando para exigir respostas da Light. Já foram registradas manifestações e abaixo-assinados pedindo a suspensão da instalação das caixas blindadas até que todos os problemas sejam resolvidos. A população quer ser ouvida e respeitada, reivindicando não só justiça nas cobranças, mas também medidas que garantam a segurança e a qualidade do fornecimento de energia.
Em meio a esse cenário de insatisfação, a Light mantém seus planos de expandir a blindagem da rede elétrica para meio milhão de clientes nos próximos quatro anos, com um investimento previsto de R$ 2,5 bilhões. No entanto, se a empresa não tomar providências imediatas para resolver os problemas já relatados, corre o risco de enfrentar uma resistência ainda maior, além de possíveis ações judiciais movidas por consumidores prejudicados.
Enquanto isso, o que deveria ser uma solução para o combate aos furtos de energia se transforma em mais um capítulo de dificuldades para os moradores da Baixada, que continuam lutando por um serviço de qualidade, transparente e, acima de tudo, justo.
Texto: Arinos Monge
