
Enquanto a capital recebe VLT, metrô e Porto Maravilha, a Baixada Fluminense ganha buracos, contas altas e um banho gratuito de descaso.
Moradores do KM 32, em Nova Iguaçu, tiveram um despertar “molhado” nesta terça-feira (11). Mas calma, não foi nenhum presente da natureza, e sim um “chafariz surpresa” causado pelo rompimento de uma tubulação. A Águas do Rio, sempre muito eficiente em mandar boletos, foi rápida em esclarecer: não foi uma adutora, só uma tampa que resolveu abrir as comportas do abençoado bem no meio da rua.
O problema? Não é o primeiro, mais uma sequência, além do alagamento, o bairro ainda enfrenta um racionamento de água, porque, coincidentemente, a Estação do Guandu foi desligada para manutenção no mesmo dia. Ou seja, um banho coletivo forçado na madrugada e depois… torneira seca até sexta-feira (14). Maravilha, né? O vereador Vaguinho Neguinho que é da região soltou o verbo em um vídeo no Instagram, e quem mora por lá, já perderam a santa paciência.
Serviço caro, serviço porco
A concessionária diz que resolveu o problema logo cedo, mas para os moradores, a única coisa que segue intacta é a certeza de que estão pagando caro para viver no meio do caos. Água? Quando chega, é marrom. Asfalto todo cortado pelas maquinas da empresa atrás de canos de água, além das calçadas que é só buracos? Ás ruas estão mais esburacadas que promessa de político em ano eleitoral. E o atendimento? Ah, esse é quase uma lenda urbana, tipo saci-pererê e político honesto.
Enquanto isso, na capital, o papo é outro. Tem VLT novinho, metrô ampliado, Porto Maravilha brilhando… e a Baixada? Ganha um “parque aquático” improvisado a cada chuva forte e salve-se quem puder, agora, até sem temporal, com direito a água jorrando do chão, cortesia da Águas do Rio e Cedae.
A fusão que só serviu para ferrar a Baixada, na verdade, uma confusão!
E já que estamos falando de descaso, bora lembrar um dos maiores golpes que a Baixada já levou: a fusão do Estado do Rio com a Guanabara, lá em 1975. Juntaram as duas regiões como quem casa sem amor e empurraram essa união goela abaixo sem nem perguntar para a população. Plebiscito? Consulta pública? Que nada! Foi tudo decidido nos gabinetes, no maior estilo “assina aqui e não reclama”.
O resultado? O antigo Estado do Rio, que já tinha uma estrutura própria, foi engolido pela Guanabara. Mas, ao invés de integração, só rolou centralização: o dinheiro, os investimentos e até a política ficaram todos concentrados na capital. Enquanto isso, a Baixada ficou com a sobra, com o resto, com o que dá pra improvisar.
Agora, a pergunta que não quer calar: será que está na hora de desfazer essa fusão? Porque, do jeito que está, parece mais que a Baixada virou um peso morto para o Estado, útil só para fornecer mão de obra barata para o Rio e pagar impostos. Os cariocas ganham metrô, túnel e revitalização de bairros. A Baixada ganha tarifa alta e transporte sucateado. Se a fusão era para integrar, erraram feio. Só serviu para reforçar a velha lógica do “Rio de Janeiro para os cariocas, e o resto que se vire”.
E se separasse tudo?
A indignação cresce e já tem gente perguntando: será que não está na hora de um plebiscito para separar a Baixada do Rio de Janeiro? Porque, quando fundiram os estados, ninguém perguntou nada para o povo daqui. Foi tipo casamento arranjado na calada da noite. E, como todo relacionamento forçado, nunca deu certo. O Rio fica com as benesses, e a Baixada com a bucha.
Se o governo estadual e a Alerj vão fazer algo? Bom, considerando o histórico, é mais fácil o Guandu começar a jorrar água mineral do que ver investimento sério na Baixada. Até lá, seguimos com o velho lema: paga caro, recebe pouco e reclama no Twitter.
Por: Beatriz Corrêa