A cidade de Mesquita, na Baixada Fluminense, foi tomada por uma onda de violência nesta quarta (14), que começou na Comunidade do Sebinho, em Rocha Sobrinho, e se espalhou para outras regiões do município. A violência desenfreada foi uma retaliação à morte do chefe do tráfico local, conhecido como W., e que desencadeou um toque de recolher promovido pelos criminosos em diversos bairros, como Banco de Areia, Cruzeiro do Sul, Santo Elias, Jacutinga, BNH, e até mesmo em alguns trechos de Nilópolis.
O que começou como um dia comum rapidamente se transformou em um pesadelo para os moradores de Mesquita. “Mataram o chefe da boca no Sebinho, aí os caras tomaram conta de Mesquita, praticamente. Deram o maior terror. Mandaram fechar tudo. Os caras mandaram ficar na atividade. Infelizmente, esse é o nosso município. Nossa cidade não tem jeito, só Deus”, relatou um morador de Cosmorama, que preferiu não se identificar. Este depoimento destaca o cotidiano de medo que se tornou constante na vida dos mesquitenses, especialmente diante da falta de planejamento na área da segurança pública.
Os criminosos impuseram suas ordens: todas as atividades na cidade deveriam ser encerradas, e a população deveria permanecer em suas casas. Escolas receberam ligações anônimas informando sobre o toque de recolher, e, temendo pela segurança dos alunos, liberaram as crianças mais cedo. Em bairros como Cosmorama, Banco de Areia e Santo Elias, o comércio fechou as portas e as ruas rapidamente se esvaziaram, com moradores evitando sair de casa.
A violência, que começou no Sebinho após o assassinato de W., se espalhou para outras áreas. Circularam em grupo de aplicativos de mensagens as informações que criminosos apedrejaram um ônibus na Via Light e pararam veículos na Av. Baronesa de Mesquita, onde obrigaram passageiros a descerem sob ameaças de incêndio.
Em meio a esse cenário de terror, as autoridades não se pronunciaram, deixando os moradores à mercê da violência. A ausência de uma ação firme e de medidas concretas por parte do 20º Batalhão da Polícia Militar só alimenta o sentimento de insegurança.
“Cadê a central de monitoramento da cidade, que foi gasto milhões com ela? E o vigésimo batalhão?”, questiona um dos moradores, citando o Centro de Controle Operacional de Mesquita, projeto da prefeitura que deveria trazer maior segurança para os cidadãos.
Em um ano eleitoral, é inadmissível que a população tenha que viver com tanto medo e sem qualquer suporte do poder público. Isso reflete a ausência de políticas de segurança pública. A falta de investimentos em infraestrutura e a ineficácia das ações de segurança transformaram a cidade em um território sem lei. Enquanto criminosos ditam as regras, a população continua refém do medo e da insegurança.