Por BdF
Subiu para 147 o número de mortos afetados pelas fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul desde 27 de abril. Segundo o boletim da Defesa Civil gaúcha divulgado na manhã desta segunda-feira (13), 127 pessoas estão desaparecidas e outras 806 estão feridas.
A enchentes já afetam diretamente 2,1 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul. O número equivale a cerca de um quinto de todos os habitantes do estado. Das 497 cidades gaúchas, apenas 50 não foram atingidas pelas chuvas. Assim, 538.241 pessoas estão, no momento, desalojadas.
Frio, vento e mais chuva
A previsão para os próximos dias é de uma trégua rápida nas tempestades a partir de terça (14), mas de aumento do frio e dos ventos. As chuvas devem retornar na quinta (16), em especial em Porto Alegre e região metropolitana e nas áreas central e noroeste do estado.
Na manhã desta segunda-feira, o rio Guaíba voltou a ultrapassar os níveis da grande enchente que, em 1941, fez estrago similar no Rio Grande do Sul. O rio atingiu 4,78 metros e, portanto, 1,78 metros acima do seu nível de inundação.
Projeções da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontam que o Guaíba deve atingir, nos próximos dias, níveis entre 5, 5 e 5,6 metros.
“Estamos aqui para alertar sobre as chuvas que vão voltar a ser fortes”, informou a meteorologista Cátia Valente pelo Instagram da Defesa Civil do RS. Os ventos, impulsionados pela formação de um ciclone extratropical sobre o mar na costa gaúcha e santa-catarinense, devem atingir principalmente o leste do Rio Grande do Sul.
“Novamente podemos ter respostas hidrológicas e, principalmente, podemos ter movimentos de massa especialmente nas áreas mais elevadas”, anunciou Valente.
O avanço de uma massa de ar de origem polar deve fazer a temperatura cair, nesta segunda-feira (13), para a mínima de 10ºC. Mas o frio deve aumentar nos próximos dias. De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as temperaturas mínimas vão ficar entre 2ºC e 9ºC, com geadas nas regiões que fazem fronteira com o Uruguai.
Tremor na terra
Enquanto isso, na madrugada desta segunda-feira (13), moradores de Caxias do Sul, na serra gaúcha, saíram de suas casas às pressas ao sentirem a terra tremer no centro e nos bairros Madureira e Universitário.
A orientação do Corpo de Bombeiros é, de fato, que moradores deixem suas residências caso as paredes ou vigas estejam com rachaduras. Tremores podem acontecer por conta da acomodação do solo sob impacto das fortes chuvas.
Foi nesta cidade que no domingo (12) um deslizamento de terra fez mais uma vítima fatal. Luciano Lacava, de 49 anos, trabalhava há duas décadas como funcionário público na Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul. Foi soterrado na zona norte do município.
Verba para a reconstrução
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ao G1 neste domingo (12) que o Rio Grande do Sul poderá deixar de pagar as parcelas da dívida que tem com a União durante dois anos.
A contrapartida é que a verba, equivalente a R$ 8 bilhões, deve ser investida na reconstrução dos municípios atingidos. Nesta segunda-feira (13), Haddad se reúne com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), para tratar do tema.
Os recursos necessários para recuperar o estrago ainda em curso, no entanto, são muito maiores. Há cidades que, completamente submersas e enfrentando este problema com constância, devem ser reconstruídas em outros lugares.
Entre elas, estão Cruzeiro do Sul, Roca Sales e Muçum, localizadas ao lado do rio Taquari. Apenas para a reconstrução destas três cidades, que tem entre cinco e 10 mil habitantes, o governo gaúcho estima inicialmente que serão necessários R$30 bilhões.