Mais de um milhão de palestinos já deixaram a cidade de Rafah, segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA). Rafah, que abrigava cerca de 200 mil pessoas antes do início do conflito em outubro, acolheu mais de um milhão de pessoas deslocadas de outras partes da Faixa de Gaza, que agora estão sendo novamente expulsas.
Em uma publicação na rede social X, antiga Twitter, a UNRWA informou que milhares de famílias estão abrigadas em instalações danificadas e destruídas em Khan Younis, onde a agência continua a prestar serviços essenciais. “As condições são indescritíveis”, afirmou a agência.
Khan Younis, localizada ao norte de Rafah, agora abriga aproximadamente 1,7 milhão de pessoas. Todos os 36 abrigos da UNRWA em Rafah estão vazios, segundo a agência. As condições em Khan Younis pioraram com o rompimento de canos de esgoto, agravando a situação dos refugiados.
Condições Precárias
Os moradores de Khan Younis tentam remover o esgoto bruto usando garrafas plásticas, enquanto crianças atravessam a área inundada. O derramamento de esgoto tornou a cidade quase inabitável, com destroços de edifícios bombardeados espalhados pelas ruas. Trabalhadores locais relatam a falta de equipamento adequado para reparar os danos.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 1,7 milhão de pessoas estão abrigadas em Khan Younis e nas áreas centrais da Faixa de Gaza. Dezenas de milhares de pessoas buscaram refúgio após serem forçadas a sair de Rafah pelos militares israelenses. Cerca de 690 mil mulheres e meninas necessitam de kits básicos de higiene, privacidade e água potável, conforme informado pela UNRWA.
Conflitos e Ajuda Humanitária
Os bombardeios e combates continuam em Gaza, onde a maioria dos 2,4 milhões de habitantes foi deslocada. Organizações humanitárias alertam para o risco de fome. Nas últimas 24 horas, pelo menos 19 pessoas morreram em bombardeios, de acordo com os hospitais locais.
Os combates estão concentrados em Rafah, onde o Exército israelense alega que estão localizados os “últimos batalhões” do Hamas, grupo classificado como “terrorista” por Estados Unidos, Israel e União Europeia.
Proposta de Cessar-Fogo
Na última sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, propôs um cessar-fogo que envolveria a retirada das forças israelenses, a libertação de reféns pelo Hamas e prisioneiros palestinos, além de um plano para a reconstrução de Gaza. Contudo, nesta segunda-feira, surgiram dúvidas sobre a viabilidade do plano. O governo israelense afirmou que continuará a ofensiva até alcançar “todos os objetivos”, incluindo a destruição das capacidades militares e de governo do Hamas.
O porta-voz do premiê israelense Benjamin Netanyahu, David Mencer, disse que o plano apresentado por Biden é “parcial” e que a guerra será temporariamente interrompida para conseguir o retorno dos reféns. Parte significativa dos partidos que apoiam Netanyahu se opõe à trégua proposta.